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  • Foto do escritorJoão Quintaes

Fake News agravam crise em meio a desastre climático no Rio Grande do Sul

Atualizado: 20 de jun.

Desinformação nas redes sociais aumenta desespero e dificulta doações em período de enchentes 


Visão aérea de enchente em cidade no Rio Grande do Sul - Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

173 mortos, 38 desaparecidos, quase 600 mil desalojados e prejuízos incalculáveis. Em meio à tragédia climática com as enchentes no Rio Grande do Sul, a disseminação de fake news tem agravado a confusão e o desespero da população. A proliferação de informações falsas nas redes sociais gerou desinformação e desconfiança em relação a algumas ações de socorro e assistência, dificultando ainda mais a situação.


Circularam conteúdos falsos afirmando, por exemplo, que o número de mortos está sendo escondido pelas autoridades, que a passagem de caminhões com doações foi proibida ou que prefeituras estariam reembalando doações para fazer propaganda do governo federal - entre muitas fake news.


Segundo o NetLab, laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o YouTube ainda permite que vídeos monetizados disseminem desinformação sobre as mudanças climáticas e a tragédia no Rio Grande do Sul. Vídeos distorcendo declarações de autoridades e ações governamentais continuam a prosperar, acumulando mais de 2,3 milhões de visualizações desde o início de maio.


Imagem gerada por IA mostra corpos boiando; desinformação sobre o fato foi verificada logo após os primeiros dias da enchente - Reprodução: UOL

A inteligência artificial tem também contribuído de forma considerável para a propagação de desinformação. De acordo com uma reportagem do UOL, diversas imagens geradas por IA, relacionadas à tragédia no Rio Grande do Sul, circulam na internet, aumentando a confusão entre a população, exemplos incluem imagens falsas de bebês mortos e helicópteros da Havan resgatando pessoas. Essas criações são amplamente compartilhadas, exacerbando a desinformação sobre a tragédia.


Raquel Lobão, professora da Uerj e doutora em Ciências da Comunicação com especialização em Jornalismo Digital, destacou a importância de lidar com conteúdos gerados por inteligência artificial durante esse tipo de tragédia. Segundo ela, a proliferação desses conteúdos pode impactar significativamente a confiança do público: "Se os conteúdos gerados por IA não forem precisos ou confiáveis, isso vai levar o público a questionar a credibilidade das fontes tradicionais de informação, como os veículos de imprensa e as autoridades oficiais", explicou Raquel. Ela também alertou que a rápida disseminação de informações geradas por IA pode propagar desinformação, prejudicando os esforços de socorro em situações de emergência. Além disso, Raquel ressaltou que esses conteúdos frequentemente carecem de contexto e análise, o que agrava a confusão e dificulta a obtenção de informações claras e úteis para o público.


O impacto das Fake News durante tragédias


A jornalista Karine de Andrade, colaboradora do portal de checagem de notícias BodeFatos, reflete sobre a disseminação de fake news durante os períodos de tragédia. Segundo ela, durante esses momentos críticos, as fake news encontram “ainda mais espaço para se espalhar”, dificultando a prevalência das informações verdadeiras. Karine enfatiza que a mistura de notícias verdadeiras e falsas impede que a verdade se sobressaia, aumentando a confusão entre a população e sobre em quem acreditar. Ela destaca a importância das agências de checagem de fatos e portais de notícia que trabalham incansavelmente para promover a verdade. E diz que, no meio de tanta dor e destruição, o esforço para combater a desinformação e garantir que as notícias verdadeiras prevaleçam é crucial para ajudar a população a enfrentar a crise com informações corretas e confiáveis.


A desinformação não é um problema novo e tem sido uma constante no cenário político brasileiro, especialmente evidenciada nas eleições presidenciais de 2018 e 2022. Karine de Andrade destaca a importância de combater a desinformação com a disseminação de notícias verídicas, enfatizando o papel social crucial dos jornalistas e portais de notícias em fornecer informações precisas e confiáveis: “Assim como existe um bombardeio de fake news, precisa existir um bombardeio ainda maior das notícias verídicas. Quando estava sendo noticiado algo falso sobre a vacina, por exemplo, temos que estar presente com a notícia verdadeira”.


Preocupação das autoridades


As autoridades estão se mobilizando para enfrentar a desinformação. No dia 20 de maio, empresas como Google, TikTok, Meta e Kwai, em colaboração com a Advocacia Geral da União, comprometeram-se a promover conteúdo qualificado sobre os desastres climáticos. Esta ação coordenada foi realizada em parceria com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Além disso, no dia 8 de maio, a Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar a divulgação de notícias falsas na internet sobre as ações governamentais em relação à tragédia.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um pronunciamento incisivo durante uma das recentes visitas ao Estado, condenou a proliferação de fake news e o comportamento destrutivo de alguns indivíduos que, segundo ele, "não fazem política, que não discutem política, que não querem argumento, só querem destratar a vida dos outros, ofender as pessoas, achincalhar." Ele ressaltou que, apesar da "nojeira da fake news," há uma crescente conscientização e resistência contra essas práticas, sinalizando um futuro onde tais comportamentos não encontrarão espaço na política do país.


Como denunciar Fake News?


Imagem promocional veiculada para divulgar a plataforma Brasil Contra Fake - Reprodução: SECOM

Em resposta à crise de desinformação, o governo federal lançou, em março, uma página exclusivamente dedicada a combater fake news. A plataforma Brasil Contra Fake fornece informações e esclarecimentos sobre notícias falsas relacionadas às ações governamentais e políticas públicas. Além disso, o site oferece orientações detalhadas sobre como denunciar fake news nas principais redes sociais, ajudando a população a identificar e reportar conteúdos enganosos de maneira eficaz.




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